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20 de Abril de 2024
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    Politicamente correto chega a ser imoral, diz Pondé

    Publicado por Folha Online
    há 12 anos

    DE SÃO PAULO

    O filósofo Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha desde 2008, tornou-se uma espécie de porta-voz do "politicamente incorreto". "Há espaço para falar dos limites do politicamente correto. Há uma onda, e reconheço que, de certa forma, faço parte dela."

    Pondé participou ontem, no Teatro Folha, de sabatina Folha/UOL mediada pelo editor da Ilustríssima, Paulo Werneck, com a repórter especial da Folha Laura Capriglione, o repórter do UOL Rodrigo Bertolotto e Francisco Borba, do Núcleo de Fé e Cultura da PUC-SP. Leia a íntegra da sabatina abaixo e veja o vídeo.

    Vídeo

    *LIVRO "CONTRA UM MUNDO MELHOR" *

    O nome do livro nasceu como resultado de uma irritação. Ninguém normal pode esperar que o mundo piore. Às vezes ele piora sozinho mesmo. O livro é contra um certo discurso, uma espécie de neopuritanismo, uma forma contemporânea de hipocrisia, que, me parece, tomou conta do pensamento público. Todo muito conta de um certo conhecimento público, acadêmico, mesmo a mídia. Todo mundo fala a mesma coisa, acaba trabalhando por um mundo melhor. Nesse sentido, acaba evitando certas questões que me parecem apontar para uma natureza humana que nem sempre é exatamente o que ela diz que ela é. Você tem uma espécie de marketing, muita gente está preocupada em apresentar uma imagem de "ser bom". A gente sabe pela história da filosofia, ou mesmo pela história da tradição judaico-cristã, que todo mundo que se acha bom, no sentido de virtuoso, provavelmente está do lado errado. No sentido de que uma reflexão mais profunda do ponto de vista moral e ético sempre nos leva a uma consciência de que nunca somos nós aquele que enuncia o nosso valor moral.

    "Contra um Mundo Melhor" é um expressão retórica que tem o objetivo de dizer que o pensamento público está todo falando só o que é bonitinho e legal, e na verdade a gente tem que discutir algumas questões mais difíceis.

    ONDA DO INCORRETO

    Se a gente assumir que o politicamente incorreto está num momento alto porque dois livros ["Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" e "Guia Politicamente Incorreto da América Latina"] vendem muito, então a resposta é sim. Mas isso é uma variável muito redutora. A gente tem esses episódios do humor, mesmo hoje o colega João Pereira Coutinho volta a esse tema na coluna da Ilustrada por conta da história do Rafinha [Bastos]. O debate fica redutivo se a gente acha que é o grande momento politicamente incorreto.

    Há, sem dúvida, uma grande espaço para se falar dos limites do politicamente correto. Há uma certa onda, e reconheço que, de certa forma, faço parte dela. Se 100 mil pessoas estão comprando o "Guia Politicamente Incorreto da América Latina" é porque você tem um público, por alguma razão, de saco cheio, achando que não tinha acesso a determinado tipo de informação.

    Um certo tempo atrás, você tinha que ter um mínimo de coragem para dizer certas coisas, discutir determinados temas. Muita gente tinha medo do leitor, do colega da faculdade, do aluno na sala de aula. Nesse sentido a gente pode dizer que talvez tenha uma certa brecha para colocar em dúvida esse medo do politicamente correto.

    Agora sem dúvida a indústria cultural, quando é eficaz, sabe ler determinados momentos e brechas para você vender livro. O meu próprio livro não deixa de ser politicamente incorreto, embora esse não seja o foco do livro.

    POLITICAMENTE CORRETO É UMA LEITURA MORAL?

    É uma leitura moral no sentido de que, na filosofia, a moral se refere ao campo da liberdade do ser humano e de como você conduz seu comportamento. Não me vejo como uma leitura moralista. Moralista, na filosofia, é um tipo de autor que tem seu epicentro no século 17 na França. Autores como Pascal. Moralista, nesse sentido, se aplica muito à leitura que faço, não moralista no sentido comum, de ficar jogando regra na cara dos outros. Isso quem faz é o politicamente correto.

    O moralista, filosoficamente, significa aquele tipo de autor que ponta limites do comportamento humano, daquilo que a gente quer esconder, determinados vícios que se fingem de virtude.

    COMO NASCE O POLITICAMENTE CORRETO?

    O politicamente correto nasce quase como uma necessidade de educação doméstica. Nasce do fato de que, num determinado momentos nos EUA, você começa a ter pessoas, por exemplo, como os negros circulando em restaurantes aonde brancos iam. E aí você [branco] precisa saber se comportar e parar de falar besteiras no sentido de ser inadequado.

    Tem também uma raiz filosófica que é mais técnica, no sentido que a gente [chama] de filosofia pragmática, que é a ideia de que a verdade social é constituída de determinados usos que vão moldando o comportamento. Alguém, por exemplo, começa a transformar em mal-estar você se referir a Deus como Ele, porque tá dizendo que Deus é homem. E aí você a ter que dizer que Deus é ele/ela. Ou aquela coisa "boa tarde, caros alunos e alunas". No sentido de excluir, separar. Você vai...

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    Menino Pondé: eu poderia dizer que estás possuído por uma "ideia fixa" (“uma ideia à qual uma pessoa se subjugou”, como a ideia de ser um intelectual de direita - Max Stirner: O Único e sua propriedade pág. 42 tradução de João Barrento), mas acho que é mais correto te chamar de moralista: "moralistas são pessoas que renunciam às alegrias corriqueiras para poder, sem culpa e recriminação, estragar a alegria dos outros" (B. Russel); ou "o moralista é um hipócrita que reprime nos outros o que não reprime em si" (C. Calligaris); ou "o moralista é aquele que quer se apropriar da moral" (Eu mesmo). E cá eu mesmo me metendo a moralista: as feições apavorantes de corpos consumidos no fogo que se eterniza não cessam de gritar o quão barata e mentirosa tem sido a existência. Estão todos enlouquecidos com o ruído. Poupe-nos de sua diuturna gritaria, Menino Pondé! continuar lendo