Jornalistas narram cobertura de campanhas eleitorais no interior do país
As campanhas eleitorais das principais cidades do Brasil sempre ganham ampla cobertura e destaque na mídia. Enquanto isso, os fatos que ocorrem no interior do país permanecem registrados apenas na imprensa local, muitas vezes comandada pelos próprios candidatos.
Divulgação |
Jornalistas cobrem campanhas eleitorais no interior do Brasil |
Scolese fez o roteiro Nordeste-Sudeste, a partir de Natal até Brasília, passando por Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí, Bahia e Minas Gerais. Já Corrêa seguiu por Nordeste-Norte-Centro-Oeste, de Teresina para o interior do Maranhão, depois Pará, Tocantins e Mato Grosso.
O resultado culminou no livro "Eleições na Estrada" (Publifolha,2009). A obra traz não só a cobertura realizada pelos repórteres, como também a dificuldade na hora de apurar as informações e até mesmo se locomover nos municípios visitados.
Leia abaixo um trecho que fala sobre as eleições na cidade de Xambióia, no Tocantins, um dos palcos da Guerrilha do Araguaia.
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O Palco da Guerrilha
Dois candidatos a vereador. Foram o que restou do PC do B (Partido Comunista do Brasil) em Xambioá, no Tocantins. Na década de 1970, o município foi um dos palcos da Guerrilha do Araguaia, comandada pelo partido e reprimida pelo Exército em meio à ditadura militar (1964-85).
A reportagem saiu de Curionópolis e após 330 quilômetros em estrada asfaltada com boas condições chegou a Xambioá, interessada em saber como é a eleição na cidade onde ocorreu a guerrilha, uma ferida ainda aberta na história brasileira.
Familiares de mortos e desaparecidos buscam na Justiça obrigar o governo a apresentar documentos sobre o conflito, uma tentativa de localizar onde estão enterrados os militantes mortos no embate com o Exército. Em 2004, uma equipe de peritos enviada pelo governo federal fez escavações em Xambioá procurando ossadas de guerrilheiros, mas foi um trabalho em vão.
Do mesmo PC do B da guerrilha, mas em trincheiras opostas, o assentado do Incra José Edimar Alves dos Santos, o Dida do Caçador, 41 anos, e o pedreiro Aloisio Correa Barbosa, 39 anos, postulantes ao cargo de vereador, são os únicos candidatos do partido no município localizado na região do Bico do Papagaio, ao norte de Tocantins, na divisa com o Pará e Maranhão. Quando se observa no mapa essa região, um bico de ave é o formato que vem aos olhos, daí o nome que recebeu. Idealista, Dida disse que fundou em 2006 o PC do B de Xambioá e se candidatou para defender os trabalhadores rurais do município e da região próxima.
Aloisio foi por outro caminho. Rompeu com as legendas com as quais o PC do B se coligou. Motivo: a candidata a prefeita pelo PDT, Dagma Sousa Lopes Pires, 45 anos, líder da coligação, não pagou despesas para ele ir ao velório de um parente em Marabá em agosto passado. "Ela só quis dar R$ 50", reclama Aloisio.
Em represália, ele passou a pedir votos para a candidata de outra coligação, Ione Leite, de 68 anos, do PP, cuja família tem comandado a prefeitura nos últimos ma...
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