O fantasma de Jango
JASON TÉRCIO
Recém-chegado do Rio de Janeiro, estudante de comunicação na Universidade de Brasília, ainda não sabia que estava vivendo um rito de passagem.
Sentia-me um personagem de Antonioni, caminhando à deriva naqueles espaços vazios e silenciosos. Uma tarde, na Esplanada dos Ministérios, olhei para o gigantesco céu que parecia querer me engolir e soltei um grito para saber se Deus me ouviria. Tudo continuou em silêncio absoluto.
À tarde trabalhava como repórter na sucursal do semanário "Movimento". Eram três saletas no edifício Márcia: uma da Redação, outra para reuniões com políticos e estudantes da oposição e a terceira destinada ao diretor da sucursal, Francisco Pinto, ex-deputado baiano que fora cassado e preso durante seis meses por causa de um discurso contra a visita do ditador chileno Augusto Pinochet ao país.
Com a sua barba hirsuta, a voz de monge budista e a inseparável piteira, Chico Pinto transpirava dignidade e alento.
Minha ex...
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